Natal: guardadores de sonhos |
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Documentos - “A ALEGRIA DO EVANGELHO É A NOSSA MISSÃO” |
2. Enquanto que em Roma se decidem as sortes do mundo, enquanto as legiões mantêm a paz com a espada, neste mecanismo perfeitamente oleado cai um grão de areia: nasce uma criança, suficiente para mudar a direção da história. A nova capital do mundo é Belém. 3. No Presépio de Belém, literalmente, «a Casa do Pão», ali Maria dá à luz o seu filho primogénito, envolve-O em faixas e depõe-n’O numa manjedoura... no comedouro dos animais, que Maria, na sua necessidade, lê como um berço, um berço dourado pelo amor. O estábulo e a manjedoura são um "não" aos modelos mundanos de riqueza, um "não" à fome de poder, um "não" ao que está estabelecido. Deus entra no mundo do ponto mais baixo, para que nenhuma criatura nunca mais esteja por baixo, para que ninguém fique de fora do seu abraço que salva. 4. Havia naquela região alguns pastores... uma nuvem de asas e de canto envolve-os. É muito belo que Lucas anote esta visita única, um grupo de pastores a cheirar a lã e a leite. É belo para todos os pobres, os últimos, os anónimos, os esquecidos. Deus recomeça deles. São eles, os pastores, os que estão de guarda, na noite. São eles os guardadores de ovelhas e de sonhos. Os pastores “guardam” o sonho da noite de Natal, porque se abeiram dele com o espanto dos simples, porque o conservam “puro” e “pobre”, porque o contemplam despojado e sem ornamento e porque deixa brilhar nos corações a notícia da grande alegria. Bem podem dizer:
“Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
5. Vão ao Presépio e encontram uma criança. Contemplam-na: os seus olhos são os olhos de Deus, a sua fome é a fome de Deus, aquelas mãozinhas que se estendem para a mãe são as mãos de Deus estendidas para eles.
O Natal é assim a "reconsagração" do corpo. A certeza de que a nossa carne que Deus assumiu, amou, fez sua, é sagrada em qualquer dos seus membros, que a nossa história é sagrada qualquer que seja a sua página (cf. P. Ermes Ronchi, in "La Chiesa", Trad.: Rui Jorge Martins, publicado em 23.12.2014) e que “toda a vida é uma dádiva e não uma dívida” (AL 81).
6. Mas o Natal é também a reconsagração da família. “Deus não quis vir ao mundo senão através duma família. Deus não quis aproximar-se da humanidade senão através duma casa. Para Si mesmo, Deus não quis outro nome senão o de «Emanuel» (cf. Mt 1,23): é o Deus connosco. E este foi, desde o princípio, o seu sonho, o seu propósito, a sua luta incansável para nos dizer: «Eu sou o Deus convosco, o Deus para vós»” (Papa Francisco, Discurso em Manila, 16.01.2015). Por isso, a partir do Presépio de Belém e da Família de Nazaré, toda a família é sagrada. E nós, como os pastores, somos chamados a guardar este tesouro e a fazer de “toda a vida da família um «pastoreio» misericordioso. Cada um, cuidadosamente, desenha e escreve na vida do outro” (AL 322).
7. Há dois mil anos Deus sonhou. E foi Natal em Belém. Sonha também. Se o jumento corou e o boi se ajoelhou, não deixes tu de sonhar também (adaptado de D. António Couto, Estação de Natal, Ed. Paulus, 2012, p. 37).
Um texto inspirador
Oração à Sagrada Família
Jesus, Maria e José,
Sagrada Família de Nazaré,
Sagrada Família de Nazaré,
Sagrada Família de Nazaré, Jesus, Maria e José,
Papa Francisco, AL 325
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