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COMPREENDO E ACEITO

 

Amar, Acompanhar, Promover e Integrar

Sonhar um tempo Jubilar: sem crimes, sem condenados, sem prisões!

 

 

“Caminhamos Juntos na Esperança” – “da Regeneração à Integração”.

 

1. Prisioneiros – Rosto vivo de Deus.

Encontramo-nos aqui inseridos no Jubileu da Esperança. Peregrinamos, passamos pela Sé Catedral - Igreja Jubilar, e celebramos a Eucaristia em Santa Clara.Celebramos em comunhão com todos agentes da Pastoral das prisões, todos que estão nas prisões, as suas famílias, com todos guardas e profissionais das prisões.

A pastoral das Prisões cruza com uma dimensão muito relevante e importante da pastoral: amor, proximidade, amizade e esperança junto dos que estão nas prisões.

São pessoas; mais que número ou estatística de criminalidade ou de sobrelotação das cadeias, são seres humanos com toda a dignidade.

São pessoas humanas – rosto de Deus sofredor. Pessoas amadas por Deus.

Cada um(a) que se encontra nesta peregrinação Jubilar, fará a memória de tudo que vive e conhece das prisões. São rostos, são histórias... são dores e esperanças que nascem, morrem e renascem.

Ouvi, comovido, a narração de algumas dessas histórias, a quando da minha presença no júri para a escolha dos premiados das obras de arte sobre a esperança elaboradas pelos presidiários.

Não nos pode não tocar; comover; perceber como são pessoas como nós, que por diversas razões a vida conduziu até ali.

Sem juízos de culpa ou não culpa, são seres humanos que não nos deixam indiferentes e nos exigem proximidade.

São uma “Porta Santa” que precisamos de atravessar. Tenhamos presente a Porta Santa que o Papa Francisco abriu numa prisão.

Obrigado. Obrigado pelo são e fazem sem preconceitos e descriminações. “Olhos nos olhos, rosto no rosto”, dizer a cada irmão e irmã da prisão que os amamos, queremos o bem deles e estamos empenhados em os ajudar.

Sejam testemunho profético de como a sociedade deve ser e a envolvência paradigmática da realidade judicial e prisional.

 

2. Amados por Deus que caminha connosco.

Situemo-nos na caminhada de Abraão (1ª Leitura) e Jesus com os seus discípulos (Evangelho).

Deus faz-se companheiro connosco: nos ama, busca, fala e convida.

. Jesus no Evangelho caminha com os Apóstolos até ao Monte Tabor, e é na comunhão com Deus Pai que se fez ouvir a voz: “Este é o meu Filho”.

. É o mesmo Deus que na 1ª leitura fala com Abraão e o convida a uma aliança de amor para habitar uma terra prometida.

. É o mesmo Deus que que está aqui com cada um de nós, com cada um na prisão, com cada um na família, com cada profissional das prisões; com cada um nas alegrias e nas angústias, nas certezas e nas dúvidas, nos dramas e dores, dizendo, sussurrando e gritando, “Tu és meu Filho(a)”.

A experiência de sermos amados, desejados e queridos por alguém, faz-nos sentir a vida de modo diferente, com outro valor.

A experiência de sermos amados por Deus, desejados por Deus, queridos por Deus.

Que a Pastoral das Prisões seja instrumento para se perceber, saborear e sentir a bondade de Deus. Ajudem a fazerem a experiência do amor misericordioso de Deus que está para além dos crimes e para além da condenação.

Mesmo no meio das prisões é possível sentir e viver a bondade de Deus.

Esta vivência acontecerá através da nossa proximidade bondosa.

Estão a dar cumprimento à obra de Misericórdia: “Estive na prisão e fostes ver-me”.

 

Com Edith Stein, que tinha a arte de pensar com o coração e foi instrumento de bondade e misericórdia no campo de concentração na segunda guerra mundial (Auschwitz) - onde morreu, afirmo: “Se tanta coisa nos causa vergonha e arrependimento: aceite tudo como é, ponha-o nas mãos de Deus e confie tudo a Ele.” Pode sempre nascer uma vida nova em cada um de nós.

 

Sejamos habitados pela experiência amorosa de Deus.

Ele que é a nossa esperança. Ele caminha até nós e é peregrino connosco.

É Âncora segura.

 

3. Caminhamos juntos.

O amor de Deus é perfeito em nós quando nos amamos, caminhamos juntos e de mãos dadas; preocupamo-nos uns com os outros e cuidamos uns dos outros.

É esta a experiência que procuram levar às prisões. São esperança para quem lá está; e estou certo que eles são esperança para cada um de vós que lá vai.

Certamente que também somos evangelizados por eles. Aprendemos com eles.

Ao vivenciarem a felicidade junto de Deus, os Apóstolos (Pedro) exclamam: “Como é bom estarmos aqui”.

Não é bom estar na prisão. Não pode ser bom ser preso. Não pode ser bom ser condenado.

Mas podemos qualificar na bondade esse tempo e esse espaço.

Mariza canta “O melhor de mim está para vir”.

Procuremos perceber que algo de melhor em mim pode acontecer; sentir que omelhor de mim já me habita (Deus). Ainda que a luz da esperança seja escassa, ela está lá; está cá, está em cada um.

Que o seu brilho cresça em cada um.

Sejamos sociedade que alimenta e constrói a esperança para todos; sim, também para os condenados.

A Pastoral Penitenciária seja esta “tenda” (“façamos três tendas”) de acolhimento e promoção. Coloquemos o empenho contínuo para fazermos com que o tempo vivido na prisão seja um tempo benigno em todos aspetos, de modo a construirmos também com esses irmãos e irmãs um mundo humano, onde as suas famílias sejam amadas e valorizadas.

 

Ousemos sonhar com um tempo jubilar sem crimes, sem condenados e sem prisões.

 

Caminhamos Juntos na Esperança,

procurando fazer a peregrinação da Regeneração à Integração,

AMANDO, ACOMPANHANDO, PROMOVENDO e INTEGRANDO.

+ Roberto Mariz 16 de março de 2025