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Jubileu dos Leitores - Domingo da Palavra de Deus

Palavra de Deus: Cria Comunhão, Gera Alegria e Alimenta a Esperança!

 

 

Neste Jubileu sobressai o MINISTÉRIO DOS LEITORES – Ministério estruturante na vivência litúrgica, nomeadamente na Eucaristia.

Este é um momento de reconhecimento e valorização. Missão importante na liturgia que exige vocação, preparação, humildade e vivência. “Dar a voz à voz de Deus”, ser intermediários entre o emissor (Deus) e os recetores (ouvintes) implica o máximo empenho para se ser bom instrumento de Deus.

Esta importância funda-se na relevância que a Palavra de Deus tem na nossa fé e na liturgia.

 

A 1ª Leitura coloca-nos perante um “momento importante de Israel”: O sacerdote Esdras, os Levitas e governador Neemias – leem e explicam com clareza a Palavra de Deus.

É momento central na reconstrução do Povo como Povo de Deus. Depois do exílio da Babilónia, mais que reconstruir o Templo, há a necessidade de reconstruir a fé do Povo. A Palavra de Deus é “alicerce seguro e cimento estruturante” para essa reconstrução.

Ao escutarmos a Palavra de Deus como povo – sujeito coletivo –crescemos “como Povo” e firmamos a unidade entre nós.

 

Situemos a valorização da Sagrada Escritura com a referência a TRÊS MOMENTOS marcantes da nossa história eclesial recente:

1. Vaticano II – Dei Verbum – Constituição Dogmática. “A Igreja venerou sempre as divinas Escrituras como venera o próprio Corpo do Senhor, não deixando jamais, sobretudo na sagrada Liturgia, de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida, quer da mesa da palavra de Deus quer da do Corpo de Cristo. o Pai que está nos céus vem amorosamente ao encontro de Seus filhos, a conversar com eles; e é tão grande a força e a virtude da palavra de Deus que se torna o apoio vigoroso da Igreja, solidez da fé para os filhos da Igreja, alimento da alma, fonte pura e perene de vida espiritual” (DV 21).

Deus não só falou… Falou, fala e falará… ao “hoje - de cada hoje - de cada um de nós”. Palavra sempre nova e sempre viva. Não é passado, é sempre presente e sempre performativa.

 

2. Bento XVI - Verbum Domini – Exortação Apostólica depois do Sínodo os Bispos sobre a Palavra de Deus.

“Em certo sentido, a hermenêutica da fé relativamente à Sagrada Escritura deve ter sempre como ponto de referência a liturgia, onde a Palavra de Deus é celebrada como palavra atual e viva” (VD 52).

“Os Padres sinodais sugerem que, nas igrejas, haja um local de honra onde se possa colocar a Sagrada Escritura mesmo fora da celebração. Realmente é bom que o livro onde está contida a Palavra de Deus tenha dentro do templo cristão um lugar visível e de honra, mas sem tirar a centralidade que compete ao Sacrário que contém o Santíssimo Sacramento”. (VD 68).

 

Terá desaparecida esta indicação? Temos Nossa Senhora e os Santos nas Igrejas; eles são o que são porque foram ouvintes e cumpridores da Palavra de Deus. Sagrada Escritura: tê-la diante do olhar, escutá-la com o ouvido, amá-la com o coração, coração, implementá-la na vida.

 

3. Papa Francisco – Domingo da Palavra de Deus.

Institui o terceiro Domingo do Tempo Comum como o Dia Anual da Palavra de Deus.

“Que o Domingo da Palavra de Deus nos ajude a regressar com alegria às nascentes da fé, que brota da escuta de Jesus, Verbo do Deus vivo. Que, por entre as palavras que se dizem e leem continuamente sobre a Igreja, nos ajude a redescobrir a Palavra de vida que ressoa na Igreja! Caso contrário, acabamos por falar mais de nós que d’Ele; e, no centro, permanecem os nossos pensamentos e os nossos problemas em vez de Cristo com a sua Palavra”.

 

Palavra que tem um rosto: JESUS – PALAVRA ENCARNADA.

Escutamos no Evangelho: “«O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres. ele me enviou a proclamar a redenção aos cativos e a vista aos cegos, a restituir a liberdade aos oprimidos e a proclamar o ano da graça do senhor». «CUMPRIU-SE HOJE MESMO esta passagem da escritura que acabais de ouvir»”.

Nos ensina o Catecismo: “A fé cristã "não é uma 'religião do Livro': o cristianismo é a 'religião da Palavra de Deus', não de 'uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo” (Catecismo 108).

Jesus é rosto vivo e atuante da Palavra de Deus. Jesus é o pleno cumprimento da Palavra de Deus. Jesus ressuscitado é o “ponto de luz” para interpretação de toda a Escritura.

 

Na íntima UNIÃO entre AMBÃO E ALTAR.

A Palavra de Deus bem proclamada e docilmente acolhida, conduz da Mesa da Palavra ao Altar onde Jesus se oferece pela nossa salvação – “Estão tão intimamente ligadas entre si as duas partes de que se compõe, de algum modo, a missa - a liturgia da Palavra e a liturgia eucarística - que formam um só ato de culto” (Sacrosanctum Concilium, 56).

Chegamos ao Altar depois do Ambão e o Ambão nos impulsiona para o Altar. A Mesa da Palavra ilumina o que se realiza na mesa Eucarística e prepara o coração para esse momento.

A Mesa Eucarística concretiza o que escutamos na Mesa da Palavra.

 

Assim, a PALAVRA DE DEUS É FONTE DE ESPERANÇA para a existência humana e fermento para construção de um mundo novo. Vemos isto nos EFEITOS e COMPROMISSOS da escuta dócil e atenta da Palavra de Deus. Quarto traços sobressaem hoje:

1. Coração dócil – “Todo o povo chorava, ao escutar as palavras da Lei” (1ª Leitura). Uma Palavra que penetra ao mais íntimo de cada um de nós e nos leva a dar conta da nossa realidade infiel e das nossas contradições, conduzindo-nos ao arrependimento e à conversão.

2. Alegria – “Hoje é um dia consagrado a nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do senhor é a vossa fortaleza” (1ª Leitura). Nasce uma alegria nova, uma esperança que não morre, uma esperança que se funda no amor de Deus, uma esperança num futuro melhor.

3. Generosidade – “Ide para vossas casas, comei uma boa refeição, tomai bebidas doces e reparti com aqueles que não têm nada” (1ª Leitura). Não olhamos só para nós e não ficamos contentes só com o nosso bem-estar e comodismo, mas olhamos para os outros irmãos e irmãs, partilhando com generosidade. Uma alegria que se multiplica na caridade.

4. Unidade – “Assim como o corpo é um só e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, apesar de numerosos, constituem um só corpo, assim sucede também em Cristo. Na verdade, todos nós – judeus e gregos, escravos e homens livres – fomos batizados num só Espírito para constituirmos um só corpo e a todos nos foi dado a beber um só Espírito”. (S. Paulo - 2ª Leitura).

Alimentados pela mesma Palavra de Deus, somos forçados a assumir um compromisso continuo e constante com a unidade na riqueza da diversidade.

 

Deste modo somos conduzidos da EUCARISTIA À MISSÃO.

Assim alimentados, somos enviados para o “mar da vida” a fim de darmos vida e rosto à Palavra que escutamos e comungamos. “A Palavra suscita a missão, faz-nos mensageiros e testemunhas de Deus num mundo cheio de palavras, mas sedento daquela Palavra com maiúscula que muitas vezes ignora. A Igreja vive deste dinamismo: é chamada por Cristo, atraída por Ele, e é enviada ao mundo para dar testemunho d’Ele.” Papa Francisco.

 

Que se possa “CUMPRIR NO HOJE DE CADA HOJE” da minha vida / da tua vida / da nossa vida.

O peregrino precisa de um impulso para iniciar a caminhada, de uma meta, de um rumo e das diretrizes para o conduzir no caminho. “PEREGRINOS DE ESPERANÇA” TEMOS NA PALAVRA DE DEUS a FONTE, o CAMINHO, as DIRETRIZES e a META na nossa peregrinação existencial.

Sejamos habitados pela certeza que “o anúncio da Palavra cria COMUNHÃO e gera a ALEGRIA“ (VD 123); alimenta a ESPERANÇA e COMPROMETE na construção de um mundo novo, belo e bom, escancarando as portas da ETERNIDADE para todo ser humano.

A PALAVRA DE DEUS é uma PORTA SANTA que precisa de ser palmilhada continuamente para sermos habitados pela esperança e alegria, fazedores de comunhão e comprometidos na Igreja e no mundo.

 

 

+ Roberto Mariz 26 de janeiro de 2025