Porto, 3 de abril de 2020
Caríssimo senhor Padre/Diácono,
já que, por motivos de força maior, nos vemos obrigados a suprimir a Missa Crismal e o convívio de Quinta feira santa, permita-me uma palavra simples de saudação e esperança.
1. Caminhar na verdade e na santidade
Na Exortação Apostólica, porventura algo esquecida, Gaudete et exsultate, sobre a chamada à santidade, o Papa Francisco invoca o exemplo de Abraão para o caracterizar como aquele que “caminha na verdade e na santidade”. E sendo ele o “pai dos crentes”, viver na presença de Deus, como Abraão, é sempre fazer com que a nossa história seja, de facto, um caminhar na verdade e na santidade. Ora, se isso diz respeito a todo o crente, muito mais ao sacerdote.
Não vou, agora, fazer um discurso enfadonho sobre o que é isso de vivermos na verdade e na santidade. Todos nós o compreendemos e sabemos tirar daí as devidas ilações. Diria apenas que, para nós, ministros ordenados, isso passa por levar muito a sério as três «proximidades» que nos devem caracterizar: com Deus, por uma intimidade expressa na oração, na vida de piedade em geral e na referência a Ele de tudo o que fazemos no nosso ministério; com os irmãos, constituindo com eles e com o bispo um efetivo Presbitério ou, no caso dos Diáconos, uma específica «família diaconal»; e com o povo que nos está confiado, dedicando-nos a ele com aquele sentimento de paternidade que nos leve a preocupar-nos com o seu bem espiritual e temporal.
Senhor Padre ou senhor Diácono, peço-lhe, em nome de Jesus, que reavaliemos os motivos que nos movem e reequacionemos estas «proximidades» como o fundamento da verdade inerente ao nosso ministério e da santidade que pregamos e desejamos viver. Claro que os Diáconos casados acrescentarão mais uma: a sua própria família.
2. “Não renegueis o povo de Deus”
Quero dar os parabéns ao clero do Porto porque, de forma absolutamente notável, permanece unido ao seu povo neste momento difícil e angustioso. Mesmo que alguns tivessem de se repartir entre a família a cuidar e os paroquianos a atender, nunca a estes faltou a solidariedade do seu Pároco e dos Diáconos. E isto é belo. Cumpre-se, entre nós, o pedido que o Papa Francisco tantas vezes faz aos sacerdotes: “Não renegueis o povo de Deus”. Que é o mesmo que Jesus pregou: “O bom Pastor não abandona as suas ovelhas”.
Esta solicitude para com os paroquianos gerou factos notáveis: frequentes contactos telefónicos para saber se as coisas vão bem, ofertas de ajuda em situações mais difíceis, recurso às plataformas da comunicação para que a unidade paroquial não se perdesse, etc. Continuemos, embora sempre com muita prudência e no estrito cumprimento das normas, sejam litúrgicas, sejam as que as autoridades nos recomendam: a caridade cristã passa, fundamentalmente, por conter a epidemia e não promover mais contágios.
3. Renovação das promessas sacerdotais
Se Deus o permitir, formal e oficialmente, faremos essa renovação e a bênção dos óleos na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, dia especialmente dedicado à santificação dos sacerdotes. De qualquer forma, recomendo que, em espírito de liberdade interior, na manhã da próxima quinta feira santa se use a seguinte fórmula:
Neste dia em que Cristo instituiu o sacerdócio na pessoa dos Apóstolos e por eles e pelos seus sucessores me foi conferido também a mim, renovo agora as promessas que fiz diante do meu Bispo e diante do povo santo de Deus no dia da minha Ordenação sacerdotal.
Eu N., sacerdote, quero unir-me com mais força a Cristo Sacerdote e configurar-me com Ele. Reafirmo a promessa de cumprir os sagrados deveres que, por amor a Cristo, aceitei com alegria no dia da minha ordenação sacerdotal para o serviço da Igreja. E prometo novamente permanecer como fiel dispensador dos mistérios de Deus na celebração da Eucaristia e nos outros atos litúrgicos e desempenhar fielmente o ministério da pregação como seguidor de Cristo, Cabeça e Pastor, sem pretender os bens temporais, mas movido unicamente pelo zelo dos fieis a mim confiados.
4. Vivência familiar
E, como é costume, deixo alguns dados, de luto e de alegria, que dizem respeito ao presbitério e à comunidade dos Diáconos. Assim, desde a Páscoa do ano passado, registamos os seguintes momentos, bem como os que celebraremos nos tempos próximos:
4.1 - Sacerdotes falecidos: Pe. José Ferreira Monteiro (18/05/2019) – 91 anos; Pe. Joaquim de Jesus Ferreira Cunha (23/05/2019) – 78 anos; Pe. Telmo Almerindo de Carvalho Magalhães (01/08/2019) – 72 anos; Pe. Manuel de Almeida Sousa Vilar (13/08/2019) – 68 anos; Pe. António Lopes Ferreira (27/09/19); Pe. José de Andrade Brandão (08/11/2019) – 84 anos; Pe. Dino Gotardi, scj (28/11/2019) – 90 anos; Pe. Joaquim Correia da Rocha, cssp (28/11/2019) – 96 anos, natural de Paços de Brandão; Pe. António Joaquim Martins Vidinha (04/01/2020) – 85 anos; Pe. Narciso Coelho Bessa (30/01/2020) – 86 anos; Pe. José Machado Lopes, ofm cap (19/02/2020) – 84 anos
4.2 - Diáconos ordenados (14/07/2019): Diác. César Abílio Ventura Silva; Diác. José da Silva Coelho; Diác. Filipe Martins de Sousa Vales; Diác. José Almonte Jesús; Diác. Misael Fermin Fermin Calderón (todos em ordem ao sacerdócio); Diác. Permanente Jorge Francisco Soares Pereira (08/12/2019).
4.3 - Sacerdotes ordenados (14/07): Pe. Micael Danilo Brito da Silva; Pe. Tiago Filipe da Costa Santos
4.4 - Bodas de prata sacerdotais (ordenados a 09/07/95): Cón. Adélio Fernando de Lima Pinto Abreu; Pe. António Jorge Correia de Oliveira; Pe. António Paulo Monteiro Pais; Pe. Emanuel António Brandão de Sousa; Pe. Felisberto Vilinga (diocese do Huambo) (06/08); Cón. Joaquim António da Silva Santos; Pe. José António de Sousa Barros; Pe. Luís Manuel Cordeiro da Silva Mateus; Pe. Manuel Luís Leão Pacheco de Brito; Pe. Pedro Sérgio Gomes da Silva.
4.5 - Bodas de ouro sacerdotais (ordenados em 1970): Pe. Agostinho Manuel Ribeiro Pedroso (11/10); Pe. António Luís Teixeira Mendes (12/07); Pe. Custódio José Castro Fernandes Rocha, vicentino (12/07); Pe. Domingos Jorge Duarte do Aido (12/07); Pe. Francisco José Rodrigues, carmelita (19/07); Pe. Serafim Ferreira de Ascensão (15/03).
4.6 - 60º aniversário de ordenação (1960): Dom João Miranda Teixeira (7/08); Dom Januário Torgal Mendes Ferreira (16/10); Pe. Adrião de Sousa Monteiro (07/08); Pe. António Ângelo Alves de Sousa (16/10); Pe. António Augusto Múrias de Queiroz (07/08); Pe. Casimiro Ferreira Alves (de Évora) (26/06); Pe. Fernando Nuno Ribeiro da Cruz Queirós (07/08); Pe. João Manso Martins, redentorista (31/01); Pe. Manuel António Alves da Silva.
4.7 - 70º aniversário de ordenação (1950): Pe. Adriano de Brito Duarte dos Santos (06/08)
Caríssimo, receba as minhas felicitações pela dedicação à causa de Deus e do seu povo. Conto consigo: pode contar também com o seu bispo. Aceite os meus mais cordiais cumprimentos.
+ Manuel, Bispo do Porto