Bispo do Porto salienta a importância da existência de uma “cidadela eclesiástica” que junta a Catedral, o Seminário a casa do Cabido Portucalense e o Paço Episcopal naquela zona histórica da cidade do Porto. Obra custará mais de 12 milhões de euros.
O processo das obras no Seminário Maior do Porto entra agora numa fase decisiva. Na passada quinta-feira 30 de janeiro foi oficializada a abertura do concurso público para a empreitada de reabilitação do Seminário.
O bispo do Porto revela que esta obra é um dos objetivos desde que chegou à diocese do Porto e este momento tem para D. Manuel Linda um significado muito grande.
“Muito grande, porque um dos objetivos quando cheguei ao Porto era exatamente remodelar as instalações que não são dignas para este tempo. Estamos num edifício do século XVI. Já viu passar muita água aqui na Rio Douro, e nunca foi praticamente intervencionado com obras de fundo, e portanto, não oferece a garantia do mínimo de qualidade de vida exigida no nosso tempo. “Por outro lado, também precisamos de pensar na forma de sustentar os seminários, porque da parte do povo de Deus, não quer dizer que ele não seja generoso, mas estamos a notar cada vez menos contribuição, menos ofertas. E, portanto, uma forma de o sustentar no futuro será criar uma hospedaria religiosa, digamos assim, mais aberta a toda a gente, cujas receitas revertam a favor do seminário”, disse D. Manuel Linda.
Nos próximos meses a instalação do estaleiro da obra poderá já ser uma realidade numa empreitada orçada em mais de 12 milhões de euros.
“São mais de 12 milhões de euros. Pensamos então que dentro de três meses podemos já começar a ver as primeiras gruas, pensamos… O estaleiro a ser, de alguma maneira, montado. Vamos ver. Mas será uma obra para dois ou três anos”, revelou D. Manuel Linda.
Uma “cidadela eclesiástica” é como o bispo do Porto se refere à proximidade entre a Catedral, o Seminário a casa do Cabido Portucalense e o Paço Episcopal naquela zona histórica da cidade do Porto. Sustenta que nunca esteve em causa tirar o Seminário Maior daquele local da invicta.
“Nunca esteve em causa tirar o Seminário daqui, porque tirar um seminário destas instalações era contribuir para a desertificação da cidade. Neste centro histórico. E fundamentalmente para, de alguma maneira, esta cidadela eclesiástica ficar mais vazia. Porque aqui e isto não é muito natural na Europa, encontra-se a Catedral, a casa do Cabido, agora transformada em museu, o Paço Episcopal e o Seminário, tudo contíguo. Os edifícios estão todos interligados uns com os outros. Julgo que é um valor acrescentado que não podemos perder. E por isso mesmo sempre esteve, na minha perspetiva, tornar a trazer o Seminário para aqui, já que os alunos neste momento, como sabem, se encontram noutro seminário. Aliás, nós não precisávamos de fazer obras. Eles estão bem instalados neste momento. Só que este valor que eu acabei de referir, constituirmos aqui uma espécie de cidadela eclesiástica, tem um valor afetivo e um valor sentimental e eclesial muito forte”, declarou.
O reitor do Seminário Maior do Porto e bispo auxiliar D. Vitorino Soares, assinala a relevância afetiva do Seminário e sublinha que as obras são de facto uma urgência.
“Primeiro, uma linha de urgência, porque quem vivia no Seminário, quem lá estava, bem sabia das condições em que estávamos, e por isso a necessidade de renovar, a necessidade de recuperar, mas sobretudo de dar condições, mais tendo em conta a privacidade de cada um. E os tempos que vivemos, onde infelizmente vão surgindo algumas situações que não… Não abonam muito deste tipo de formação. E, portanto, fundamentalmente o espaço dos alunos, que era necessário recuperar e era necessário naturalmente atualizar. Portanto, é uma questão de urgência.
Depois, por outro lado, também é uma questão afetiva, isto é, o Seminário como o berço de sacerdotes, e por isso, o Seminário da Sé, onde vamos continuar um processo, já com uma história, à qual estamos ligados. Muitos sacerdotes estão também ligados. E, por isso, é a nossa casa natural, que acaba também por me satisfazer, e também alegrar-me, por podermos chegar novamente ao berço onde foram formados tantos padres no passado, e onde ainda muitos têm a sua ligação afetiva também à casa. Não é apenas às pessoas, também à casa onde estiveram, que acaba também por deixar uma marca”, disse o bispo auxiliar.
Para o reitor D. Vitorino Soares no futuro deve ser intensificada uma linha de relação entre o Seminário, as famílias, as comunidades e as paróquias.
“Embora eu acrescentava uma outra linha, que é uma linha que agora temos que desenvolver, que é também uma linha familiar. Isto é, envolvermos também outras estruturas, outras pessoas. Os sacerdotes já foram envolvidos no Conselho Presbiteral. Há que ouvir agora também aquilo que são as comunidades, as paróquias de onde vêm os sacerdotes com as comunidades, e para onde vão também os sacerdotes, que também possam sentir este projeto, possam sentir-se envolvidos nesta obra, e possam sentir sobretudo que isto é de todos. Pode ser uma boa forma também de reunir e unir a família à volta, exatamente, do Seminário e do Sacerdócio”, afirmou D. Vitorino Soares.
O tempo agora é de recolha de propostas, como referiu o ecónomo da diocese do Porto, padre Samuel Guedes.
“Sim, hoje damos a conhecer à Diocese, neste ato que oficializamos, a abertura do concurso público para a empreitada de reabilitação e reconstrução do nosso Seminário Maior do Porto. Portanto, hoje damos a conhecer como está a decorrer o concurso, que propostas começam a chegar, e vamos ter agora aqui um tempo grande, a partir desta semana, para recolhermos todas as propostas até ao fim do mês de fevereiro, em ordem a decidirmos a quem vamos entregar a obra”, referiu o sacerdote.
Esta grande obra vai ser desenvolvida em duas unidades de trabalho: a reabilitação e restauro do Seminário e a construção de uma unidade hoteleira.
“A empreitada vai ter duas unidades, uma que será turística, hoteleira, e a outra será o Seminário, como sempre esteve naquele lugar. Portanto, a parte da hotelaria é um bocadinho mais volumosa, também no financiamento, e a parte do Seminário é mais pequena. Mas estas duas coisas vão crescer juntas. Isto é, a reabilitação, a reconstrução e também há uma parte que é de construção nova. Vão crescer, vão caminhar a par”, salientou o padre Samuel Guedes.
O júri deste concurso é constituído pela Eng. Manuela Mesquita, a Arq. Filomena Oswald, o Prof. Carlos Rodrigues e o Prof. Paulo Pereira, sendo presidido pelo padre Luís Brito.