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Alegria, amor, comunidade: quatro seminaristas confessam-se


O Daniel tem 15 anos, o José já chegou aos 35. O Tavares é da República Dominicana, e o Emanuel é português. Testemunhos na diocese do Porto por ocasião da Semana de Oração pelos Seminários

 

A Igreja Católica em Portugal celebra de 5 a 12 de novembro a Semana de Oração pelos Seminários. Neste ano de 2023 com uma frase do Evangelho de S. Lucas como tema: “Não tenhas medo. Serás pescador de homens”.

No âmbito deste evento, Voz Portucalense foi entrevistar alunos dos seminários diocesanos do Porto. Do encontro com estes jovens foram registados sentidos testemunhos de experiências de alegria e amor, nascidas na vida comunitária em Seminário.

 

 

 

“Somos muito alegres”

Daniel Soares, tem 15 anos é de Valpedre, Penafiel” e frequenta o Seminário do Bom Pastor, que acolhe jovens menores. Queria ser seminarista desde pequenino e está no Seminário à procura da sua vocação.

“Eu sou seminarista porque desde pequenino olhava para o meu abade e sentia que queria fazer aquilo que ele fazia. Olhava com admiração para ele. E desde aí nasceu a minha vocação. Que ainda não a tenho discernida e estou à busca dela. Eu acabei por entrar nos acólitos e depois pedi ao meu pároco para entrar no Seminário. E aqui estou”, diz o jovem seminarista.

“Não há um dia em que eu veja alguém triste”, revela Daniel acentuando com uma forte afirmação: “somos muito alegres”.

“Eu entrei a pensar que seria só estudar, mas percebi que não era nada desse género. Temos muitos momentos em que estudamos menos e somos muito alegres. Não há um dia em que eu veja alguém triste. Estamos sempre alegres porque temos sempre atividades para fazer. E é uma experiência de vida incrível. Porque prepara-nos para um futuro onde não estamos tão dependentes dos pais. Vemos os nossos pais de sete em sete dias e ajuda-nos a ser mais independentes”, afirma o jovem.

Daniel descreve o quotidiano da sua vida no Seminário: “Acordamos às sete da manhã, temos a oração às sete e meia. Depois vamos para a escola. Regressamos ao Seminário para almoçar e voltamos à escola até às seis da tarde. Depois temos a nossa Eucaristia e o jantar. Temos depois uma meia hora de intervalo para convivermos e vermos notícias. Depois disso temos ateliers e várias atividades. Por exemplo, temos a atividade de trabalhar no campo e também futebol. E também temos aulas de órgão, para o futuro”.

 

 

 

“Fraternidade e amor em cada um de nós”

Do Seminário Redemptoris Mater conversamos com dois seminaristas. José Gabriel Tavares, tem 23 anos, e é da República Dominicana, de Santo Domingo. Revela que a vocação que o levou a trocar de continente para se preparar está na força da comunidade e do seu percurso no Caminho Neocatecumenal.

“A minha vocação nasce numa comunidade do Caminho Neocatecumenal onde tenho conhecido o amor de Deus na minha vida e também no meio da comunidade tenho recebido por parte de Deus este chamamento para seguir o Senhor um pouco mais perto. Na comunidade tenho podido experimentar como se pode dar o amor através dos irmãos. E como resposta a este amor tenho decidido levantar-me para entrar no Seminário”, frisa o jovem da República Dominicana.

“No Seminário temos uma comunidade onde há fraternidade e amor em cada um de nós. Cada um é diferente, somos de países e culturas diferentes e mesmo assim há uma mesma linguagem, que é a do amor de Deus”, acrescenta.

 

 

 

“Senti ali o amor gratuito de Deus”

Por sua vez, José Abrantes, tem 35 anos, é natural de Mangualde e também frequenta o Seminário Redemptoris Mater. Estudou Biologia e foi como estudante universitário que aprofundou uma vocação que se já se revelava na sua adolescência.

“Eu sou seminarista porque estou profundamente agradecido pela história que Deus tem feito comigo. Venho de uma família de tradição católica, ia à missa aos domingos, fiz a catequese até ao Crisma, mas ia mais pela obrigação dos meus pais. Não tanto por convicção. Ainda não tinha tido um encontro pessoal com Jesus Cristo. Quando tinha 15 anos afastei-me um pouco da Igreja. Era um pouco rebelde. E passado pouco tempo o Senhor voltou-me a apanhar: com 16 anos na Páscoa fui ver o filme “A Paixão de Cristo” de Mel Gibson com os meus pais. Lembro-me que aí senti-me profundamente amado por Deus. Senti ali o amor gratuito de Deus, os meus pecados, a minha ingratidão e mesmo assim ele não me julgava. E esse encontro pessoal levou-me a aproximar-me novamente da Igreja no grupo de jovens da minha paróquia. E comecei a sentir o chamamento para entrar no Seminário. Só que aos 18 anos fui para Coimbra estudar Biologia”, disse José Abrantes.

O seminarista natural de Mangualde acentua a importância do Caminho Neocatecumenal na descoberta de Deus na sua vida. “Porque Deus quer a minha felicidade, quer que eu seja feliz”, afirma.

“E nesse processo, nessa crise, vi que a minha vida não era só trabalho, não era só ganhar dinheiro e sair com os amigos, mas que precisava de algo mais profundo na minha vida. E voltei a procurar na Igreja e em Coimbra fui à Igreja de Santo António dos Olivais, procurando saber qual o sentido da minha vida, o que é que Deus quer de mim. Porque Deus quer a minha felicidade, quer que eu seja feliz. Lembro-me que havia umas catequeses para adultos e houve uma senhora que me disse: vem, isto vai ajudar-te na tua vida. Nas catequeses iniciais do Caminho Neocatecumenal anunciaram-me que Deus me ama tal e qual como eu sou e veio para perdoar-me os pecados e dar-me uma vida nova”, diz o seminarista.

“Na vida em Seminário, sinto-me amado pelo Seminário. O Seminário ajudou-me a conhecer-me como eu sou. Com as minhas limitações, os meus pecados, mas podendo amar o meu irmão concretamente. Porque nós, no Seminário, fazemos tudo em comunidade, temos formadores, seminaristas, mas também famílias em missão e irmãos voluntários, que no fundo é como se fosse uma família”, acrescenta ainda José Abrantes.

 

 

 

“Começamos e acabamos o nosso dia em comunidade”

Do Seminário Maior do Porto, falamos com Emanuel Mata. Tem 24 anos e é natural de S. Mamede de Infesta, Matosinhos. É seminarista porque sentiu-se “chamado” a anunciar o Evangelho.

“Eu sou seminarista porque senti que sou chamado a dar algo de mim aos outros e que sou chamado a ser padre. E senti isso quando era mais pequeno. Senti que Jesus me chamava a anunciar o seu Evangelho, senti que podia servir a Igreja e que me podia santificar ajudando os outros a santificarem-se. Senti isso quando era pequeno e ia à missa com os meus pais. Enquanto eles estavam no coro eu estava junto deles. Como era irrequieto, queria fazer alguma coisa e comecei a dizer que queria ser acólito. E depois de receber a Primeira Comunhão fui para os acólitos e fui aprendendo a gostar de acolitar e participar na Eucaristia. Ainda sem saber o que era um padre na sua essência, comecei a dizer que queria ser padre. E estou aqui por causa disso, porque senti esse chamamento de Deus”, revela Emanuel Mata.

“Nós começamos e acabamos o nosso dia em comunidade”, sublinha o jovem acentuando que a vida em Seminário “é uma graça de Deus”.

“Eu acho que a vida em Seminário é uma graça de Deus e o tempo oportuno para nós criarmos uma grande intimidade com Ele. Uma vez que esta é uma experiência de nos encontrarmos com Ele e também com os outros através desta vida comunitária. Nós começamos e acabamos o nosso dia em comunidade. De manhã em comunidade rezamos as laudes, à noite em comunidade rezamos completas e também nos reunimos em comunidade para celebrarmos a Eucaristia, que é o ponto alto do nosso dia”.

RS