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Bispo do Porto: “para celebrar a Eucaristia é preciso ter sede de Deus”


“Os nossos planos pastorais, as muitas reuniões por motivos disto e daquilo, o desejo de sinodalidade, sem a Eucaristia e a adoração, não passam de um corpo doente”, disse D. Manuel Linda na Missa do Corpo de Deus exortando os cristãos a serem “presença amorosa” junto de quem mais sofre.

 

Foi citando o Papa Francisco que D. Manuel Linda propôs a sua homilia na Missa da Solenidade do Corpo de Deus no dia 30 de maio na Catedral do Porto. Recordou os três grandes símbolos da narrativa da instituição da Eucaristia, segundo S. Marcos: a bilha de água, a sala grande e o gesto de Jesus ao partir do Pão.

 

“Há anos, num dia como este, comentando o mesmo Evangelho que escutamos, o Papa Francisco acentuava os três grandes símbolos da narrativa da instituição da Eucaristia, segundo São Marcos: a bilha de água que serviria de sinal aos Discípulos para encontrarem a casa de acolhimento, a sala grande no piso mais nobre e o gesto de Jesus partir o Pão”, disse D. Manuel Linda.

 

O bispo do Porto, assinalou que o símbolo da bilha de água “representa o ato de satisfazer o organismo e não deixar morrer desidratada uma humanidade sequiosa, sempre à procura de uma nascente que mate a sede e regenere”. E daqui retirou uma constatação: “para celebrar a Eucaristia é preciso ter sede de Deus, não se contentar com o ritmo sombrio dos dias vividos na penumbra da vida”.

 

Sobre o símbolo da sala grande sublinhou que esta representa “a imagem de um coração –e até da própria Igreja enquanto tal- que se limpa da falta de solidariedade, dos ressentimentos, dos ruídos, para dar espaço à admiração, ao assombro, à contemplação, à adoração”.

 

“Sem esta limpeza do nosso espaço interior, não cabe o Pão da Vida, embora de aspeto bem pequenino. Não se veem os raios de luz que dele emanam, não se acede ao mistério. O mesmo se diga da Igreja: os nossos planos pastorais, as muitas reuniões por motivos disto e daquilo, o desejo de sinodalidade, sem a Eucaristia e a adoração, não passam de um corpo doente, cada vez mais degradado, que se movimenta apenas por automatismos. A Igreja terá de ser a sala grande da contemplação, mas também do acolhimento dos feridos pela vida, dos sequiosos pelos desenganos, dos cansados porque seguiram caminhos longos e pedregosos. A Igreja ou será esta sala grande que a todos conduz a este encontro com Cristo, saciador de todas as fomes e de todas as sedes, ou não acredita na sua catolicidade, isto é, na sua abertura ao mundo, grande condição para o salvar”, declarou D. Manuel Linda.

 

O gesto de partir o Pão é o terceiro símbolo apresentado pelo bispo do Porto na sua homília, citando do Papa Francisco. “A partir deste gesto, o alimentar-se da Eucaristia, mas, simultaneamente, o repartir, o condividir, o partilhar torna-se o gesto identitário da nossa fé. Não há outro superior. É o gesto do supremo amor que reclama, da nossa parte, semelhantes gestos de amor. Verdadeiramente, não celebra a Eucaristia quem não abre o coração aos irmãos, particularmente aos mais sofredores, quem não dá pão aos esfomeados do corpo ou da alma, quem não assume como seus os sofrimentos dos necessitados”, afirmou.

 

Na conclusão da sua reflexão, o bispo do Porto denunciou que a sociedade é “carente de carinho e presença amorosa junto dos velhinhos, de afagos e sorrisos, de reconhecimento da dignidade dos trabalhadores mais humildes, de solidariedade para com os jovens que dificilmente conseguem ganhar o pão para alimentar os seus sonhos, de compromisso com as dificuldades de muitas famílias, de respeito para com os migrantes explorados”.

 

Segundo o bispo do Porto, é para junto de que mais sofre que “o Senhor nos envia”. “Precisamos de um novo alimento, uma nova cultura, um novo humanismo que nutra a vida fraterna do mundo. E esse pão só pode ser um: este Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Jesus”, concluiu.