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D. Joaquim Dionísio: «[25 de Abril] é oportunidade para fazermos memória, mas é também a ocasião para se estabelecerem compromissos»


Torre dos Clérigos recebeu sessão de lançamento do livro lançado pela Ecclesia e Centro de Estudos de História Religiosa da UCP

 

D. Joaquim Dionísio, bispo auxiliar do Porto, sublinhou hoje a importância de assinalar os 50 anos de democracia, em Portugal, apontando a “compromissos” de futuro.

 

“Esta data é oportunidade para fazermos memória, mas é também a ocasião para se estabelecerem compromissos”, observou, em declarações à Agência ECCLESIA.

 

O responsável, que integra a Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, foi um dos participantes na sessão de apresentação do livro ‘25 de Abril: permanências, ruturas e recomposições’, publicado no âmbito das comemorações dos 50 anos da democracia em Portugal, com coordenação científica do Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR) e edição da ECCLESIA.

 

Para o bispo auxiliar do Porto, esta obra tem o “mérito de assinalar uma data que é marcante na sociedade portuguesa” e ajuda a assumir responsabilidades “para tudo aquilo que há de vir”.

 

“A Igreja continua, mesmo no campo social, no campo da educação, a ser parte que intervém positivamente na resolução de muitas dificuldades, mas há muito a fazer”, admite, evocando a nota do episcopado português sobre este 50.º anivesário.

 

A sessão de apresentação decorreu na Torre dos Clérigos, com intervenções de Germano Silva, Virgílio Borges Pereira e D. Joaquim Dionísio.

 

Para o jornalista Germano Silva, é importante “recordar os momentos que antecederam a própria Revolução”, destacando a importância de “movimentos culturais”, no Porto, e tertúlias que foram “locais de resistência e de combate”.

 

O responsável recorda o impacto da carta de D. António Ferreira Gomes, bispo do Porto, a Salazar em 1958, considerando que a ‘Voz Portucalense’, órgão oficial da diocese, foi “muito importante na mentalização dos cristãos para a preparação do 25 de Abril”, tendo sido “muito perseguido pela censura”.

 

“Foi muito bom fazer, escrever em liberdade”, recordou, a respeito da sua vivência do dia da Revolução, em 1974.

 

Luís Leal, investigador do CEHR, sublinhou à Agência ECCLESIA que “não se pode falar em Portugal de liberdade sem falar do Porto enquanto região, enquanto diocese, enquanto clero, enquanto cultura”.

 

O autor assina um texto sobre a questão da habitação, tema apresentado nesta sessão pelo sociólogo Virgílio Borges Pereira.

 

Para este especialista, ao tratar das relações entre política, sociedade, religião, “sobretudo quando pensados e perspetivados a partir da ação que católicos e que depois membros da hierarquia católica, nos seus diferentes níveis, tiveram para estes processos”, é possível verificar que “a realidade é mais multidimensional e mais complexa do que muitas vezes se pensa”.

 

O novo livro estrutura-se em torno de quatro temáticas fundamentais: a Guerra, a Descolonização, a Democracia e o Desenvolvimento.

 

A edição surge do trabalho desenvolvido no âmbito de um projeto de investigação do CEHR da Universidade Católica Portuguesa, “dedicado ao processo de transição democrática em Portugal”, abordando “diferentes questões em torno da religião, das práticas de fé, das convicções e dos seus diversos elementos e níveis institucionais e confessionais, atentando às permanências, ruturas e recomposições verificadas”.

 

Paulo Rocha, diretor da Agência ECCLESIA, explicou aos presentes na sessão que a parceira com o CEHR visa levar o conhecimento científico a mais públicos, “através de uma linguagem mais próxima”.