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Sessão solene de início do ano letivo nos 60 anos do CCC


O Centro de Cultura Católica (CCC) promoveu no sábado, 19 de outubro de 2024, a sessão solene de início do ano letivo, a que presidiu D. Manuel Linda, bispo do Porto. A sessão assinalou os 60 anos do Centro de Cultura Católica e a abertura das novas instalações na Casa Diocesana de Vilar, no seguimento da decisão episcopal de maio passado. Foi precisamente nas novas instalações que se reuniram professores, alunos e outros interessados, porque já usufruíram da formação do CCC ou são próximos aos que concluíram os seus cursos. Entre os presentes contaram-se os padres João da Silva Peixoto, já diretor do CCC e hoje seu professor, e Samuel Guedes, ecónomo diocesano e diretor da Casa de Vilar.

 

Após a interpretação de «Veni Creator Spiritus» pelos alunos do Curso de Música Litúrgica, dirigidos pelo professor Emanuel Pacheco, o padre Adélio Abreu, diretor do CCC, saudou os presentes e proferiu uma comunicação com o título «O Centro de Cultura católica do Porto (1964-2024): Um longo e significativo serviço à formação cristã na Igreja do Porto». Depois de evocar a atmosfera de renovação eclesial proporcionada pelo II Concílio do Vaticano, num quadro eclesiológico de descoberta da vocação e missão dos leigos, referiu-se à decisão de D. Florentino de Andrade e Silva, administrador apostólico durante o exílio de D. António Ferreira Gomes, de criar «um centro de irradiação da cultura católica, principalmente para o laicado», que, sob a direção de José António Godinho de Lima, iniciaria a atividade letiva a 4 de novembro de 1964.

 

Ao apresentar sumariamente o percurso histórico do CCC, o seu atual diretor distinguiu três fases. A primeira, decorrida entre 1964 e 1975, dita de fundação e estruturação, ficou muito ligada ao conhecimento e primeira receção do Concílio. Nela emergiram tanto os primeiros Cursos estruturados – o Curso Superior de Cultura Religiosa; o Curso Geral de Cultura Religiosa; o Curso de Religião, entretanto designado Curso de Doutrina e Pedagogia, e o Curso de Música Litúrgica, este a partir de 1971  –, como um conjunto de iniciativas mais breves, de que se destaca uma série de conferências proferidas por teólogos internacionais de renome.

 

A segunda fase, que apelidou de renovação e de consolidação, abriu em 1975 com uma reflexão alargada em que participaram professores, alunos e uma equipa representativa dos vários sectores da pastoral diocesana, de que emergiram algumas linhas de reestruturação, mormente uma maior atenção à reflexão pastoral no Curso de Teologia, designação para que evoluíra o Curso Superior de Cultura Religiosa, bem como noutras iniciativas. Foi ainda durante esta fase que o Curso Teologia tomou a designação de básico, porquanto o ensino teológico superior se passou a fazer na Faculdade de Teologia, e que nasceu a Escola Diocesana de Ministérios Litúrgicos, alargando a formação aos acólitos e leitores. A formação de docentes para o ensino religioso nas escolas, presente no Centro deste o seu início, manter-se-ia ainda até 2001, paralelamente à que já se realizava na Universidade Católica durante os anos 90.

 

A terceira fase iniciou-se quando em 2001 D. Armindo Lopes Coelho quis fazer do CCC «uma escola diocesana para a formação e para os ministérios dos leigos», confiando-o à direção de João da Silva Peixoto. No seguimento das obras de requalificação da Casa da Torre da Marca, regressaram os cursos da Escola Diocesana de Ministérios Litúrgicos, que durante os anos 90 foram lecionados no Seminário Maior. Paralelamente foram programados vários cursos, articulados com os secretariados diocesanos, para irem ao encontro das necessidades formativas da pastoral catequética, juvenil, familiar, vocacional e da saúde. Esta fase, já sob a liderança do atual diretor desde finais de 2004, acabaria por beneficiar do relançar do diaconado permanente por D. Manuel Clemente, em 2008, tanto no que se refere à formação teológica dos candidatos, como à formação permanente dos ordenados, esta a partir de 2012.

 

A comunicação concluiu-se com a pergunta sobre uma potencial nova fase, impulsionada pela reestruturação dos planos de estudos dos cursos para responderem à formação para os ministérios instituídos de acólito, leitor e catequista, mas não a eles restrita, e pela mudança de instalações para a Casa Diocesana de Vilar. Esta transferência, decorrente da necessidade de desocupar a Casa da Torre da Marca, a necessitar de obras de recuperação, e de rentabilizar recursos, ganhando em economia de escala, foi situada pelo bispo do Porto num contexto de revalorização do CCC, no âmbito de uma Casa de Vilar, que foi pensada para ser central na vida pastoral da Igreja do Porto. Para uma resposta à pergunta será necessário aguardar pelo futuro, enquanto o CCC vai continuando a formar aqueles que dele se aproximam já no presente ano letivo, que se inicia com 88 alunos no Curso Básico de Teologia e nos Cursos de Ministérios Litúrgicos. Há, contudo, outras formações que também vão sendo muito procuradas, designadamente o ciclo de conferências que teve na primeira sessão deste ano, realizada em sala virtual, 180 dispositivos informáticos ligados.

 

Concluída a comunicação, D. Manuel Linda entregou os diplomas e certificados. Em 2023/2024, concluíram a sua formação três alunos do Curso Básico de Teologia três do Curso de Acólitos, um do Curso de Leitores, dois do Curso Salmistas e dois do Curso Geral de Música Litúrgica. Participaram também com assiduidade 81 formandos no itinerário «Escutar a morte, acompanhar no morrer, cuidar no luto», lecionado entre março e junho passado.

 

D. Manuel Linda fez então uso da palavra para saudar os presentes, dar os parabéns ao CCC e aos alunos que concluíram os seus cursos, abordando sumariamente quatro aspetos. Em primeiro lugar, confirmou que a mudança de instalações não pretendeu apenas libertar o edifício da Torre da Marca, mas também dar as melhores condições ao CCC, pondo-o a funcionar onde está «o coração pastoral da diocese». Acrescentou que os 60 anos ficam bem assinalados com esta transferência. Em segundo lugar, destacou o valor da formação, sublinhando que o que por vezes falta e falha na realização da Igreja pode ser colmatado a partir de uma inteligência crente, iluminada pela sabedoria humana e pela sabedoria das ciências bíblicas e das demais áreas da teologia. Em terceiro lugar, evidenciou que o CCC sempre teve a preocupação de responder ao tempo que passava, caraterizando-se pela fidelidade ao tempo. Desafiou assim os presentes a serem interlocutores no discernimento e na descoberta do que a diocese do Porto hoje mais necessita, para intentarmos a mais adequada resposta cultural. Finalmente, afirmou que o Centro, sendo lugar de formação teológica, deve ser também uma casa de ministérios, habilitando os fiéis para o seu exercício concreto, tanto os instituídos e ordenados – neste caso o diaconado –, como outros que, não o sendo, são um grande serviço à Igreja, como acontece com os músicos para a liturgia que o CCC forma.

 

A sessão foi encerrada com algumas intervenções dos alunos do Curso de Música Litúrgica. Luís Santos, que concluiu o Curso de Música Litúrgica, interpretou ao órgão «Diferencias sobre la pavana italiana» de A. de Cabezón e a Toccata da «Suite Gothique» (Op. 25) de L. Boëllmann. O coro interpretou «Quem fizer a vontade de meu Pai» de C. Silva. Assim se iniciaram solene e festivamente as atividades do CCC no ano 2024/2025 nas novas instalações, evocando o sexagésimo aniversário da sua fundação.