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“É urgente tempo e espaço para a amizade, para o diálogo, para a escuta e a contemplação”, disse D. Manuel Linda


No final da Procissão do Corpo de Deus, o bispo do Porto lembrou que na Igreja “os grandes reformadores foram sempre pessoas da Eucaristia”.

 

No final da Procissão do Corpo de Deus que levou o Santíssimo Sacramento da Eucaristia pelas ruas do Porto, na tarde de dia 30 de maio, D. Manuel Linda fez uma breve alocução para os cerca de mil fiéis que acompanharam a Procissão.

 

A Procissão passou pela Calçada de Vandoma, Rua de Saraiva de Carvalho, Rua de Augusto Rosa, Rua de Entreparedes, Rua do Campinho, Rua de Santo André, Rua de Santo Ildefonso, Praça da Batalha, regressando pela Rua de Augusto Rosa, Rua de Saraiva de Carvalho, Calçada de Vandoma.

 

O bispo do Porto recordou o percurso histórico desta procissão que “remonta a 1264”. “Nasceu na Bélgica e, passados poucos anos, terá chegado ao Porto. Pelo menos a partir de 1417, raramente terá deixado de se celebrar e celebrar com o máximo júbilo e esplendor. Aliás, esta era uma procissão que comprometia todas as autoridades civis, mesmo na própria organização”, disse D. Manuel Linda.

 

“Mais uma vez, Deus concedeu-nos a graça de a realizar. É que, hoje como sempre, vemos no Santíssimo Sacramento a base e origem da renovação da Igreja e até da sociedade”, disse D. Manuel Linda assinalando que “os grandes reformadores foram sempre pessoas da Eucaristia, tais como um Bento de Núrsia, Francisco de Assis, Teresa de Ávila e, entre os jovens millennials, Carlo Acutis, que proximamente será declarado Santo”.

 

Para D. Manuel Linda “o Corpo de Deus diz-nos que, num mundo cada vez mais virtual, é urgente uma presença real. É urgente tempo e espaço para a amizade, para o diálogo, para a escuta e a contemplação”, afirmou.

 

O bispo do Porto sublinhou a necessidade de bondade, de gratuidade e de dádiva. E a Eucaristia é o alimento que gera a unidade. “Precisamos de um alimento comum que gere a unidade social ao tornar-nos a todos comensais; uma comida que nos torne mais irmãos, mais fraternos”, declarou D. Manuel Linda.

 

O bispo do Porto sublinhou que “esta procissão é uma resposta à nossa cultura dominante”. “Adoramos o Senhor para não nos adorarmos a nós mesmos; adorámo-l’O para vermos para lá do visível. Adorar o Senhor é deixar que o nosso coração seja conquistado pelo seu amor pleno e gratuito e, desta forma, vermos o mundo com os seus olhos de compaixão e não de julgamentos impiedosos, para amar e não para ter medo do amor. E este amor faz-nos ver que o pão disponível é para todos: para nós e para os outros. E desta forma se constrói uma sociedade menos fraturada”, salientou D. Manuel Linda na conclusão da sua homilia assinalando a “escuridão dos dias vividos sob ameaças atómicas e guerras insuportáveis”.